
Nos últimos anos, a mastectomia preventiva ganhou maior atenção, especialmente após casos de celebridades que optaram pelo procedimento como forma de reduzir significativamente o risco de desenvolver câncer de mama. Mas afinal, em que situações essa cirurgia é realmente indicada?
A mastectomia preventiva (ou profilática) consiste na remoção cirúrgica de uma ou ambas as mamas, mesmo antes de qualquer diagnóstico de câncer, como estratégia para reduzir drasticamente a probabilidade de surgimento da doença. Estudos mostram que, em pacientes com mutações genéticas de alto risco, a cirurgia pode reduzir em até 90 a 95% a chance de desenvolver o câncer.
No entanto, não é uma decisão simples. Ela envolve aspectos médicos, emocionais, familiares e estéticos, exigindo uma análise aprofundada do histórico de cada paciente. Nem todas as mulheres com histórico de câncer na família precisam realizar a cirurgia, e nem todas as pacientes com mutação genética optam por ela.
Neste artigo, você vai entender:
- O que é a mastectomia preventiva.
- Quem são as pacientes que realmente têm indicação.
- Os exames e testes que auxiliam na decisão.
- O impacto emocional da cirurgia.
- Como funciona a reconstrução mamária imediata.
- Vantagens, desvantagens e alternativas.
O objetivo é trazer clareza sobre quando fazer a mastectomia preventiva e ajudar pacientes a compreender melhor esse tema delicado, com informações seguras e atualizadas.
1. O que é a mastectomia preventiva?
A mastectomia preventiva é a retirada cirúrgica de uma ou ambas as mamas em mulheres que apresentam risco muito elevado de desenvolver câncer de mama. Diferente da mastectomia terapêutica, que é realizada quando já existe diagnóstico da doença, a preventiva é uma estratégia de redução de risco.
Ela pode ser:
- Unilateral: quando remove apenas uma mama (em casos de risco elevado em apenas um lado).
- Bilateral: quando remove ambas, sendo a opção mais comum para pacientes de alto risco genético.
2. Quem deve considerar a mastectomia preventiva?
Nem todas as mulheres com histórico familiar devem se submeter à cirurgia. As principais indicações são:
- Mutação genética BRCA1 ou BRCA2: confirmada em exames genéticos, aumenta drasticamente o risco de câncer de mama e ovário.
- Histórico familiar muito forte: quando várias mulheres da família desenvolveram câncer de mama, principalmente em idade jovem.
- Síndromes genéticas raras: como Li-Fraumeni ou Cowden, que elevam a probabilidade de câncer.
- História pessoal de radioterapia torácica: especialmente em mulheres que receberam tratamento durante a adolescência.
Importante: a cirurgia não elimina 100% o risco, mas reduz de forma significativa.
3. Testes genéticos e avaliação de risco
Hoje, os avanços da medicina permitem identificar mutações genéticas associadas ao câncer de mama. O teste mais conhecido é para detecção das mutações BRCA1 e BRCA2.
Além disso, existem ferramentas como modelos estatísticos de avaliação de risco (Gail Model, Tyrer-Cuzick, BOADICEA), que calculam a probabilidade de uma mulher desenvolver a doença ao longo da vida.
O Dr. Thomas Benson enfatiza: “A decisão pela mastectomia preventiva deve ser sempre embasada em exames e em uma análise multidisciplinar, que envolve oncologistas, mastologistas, geneticistas e cirurgiões plásticos”.
4. Impacto emocional e psicológico da decisão
A escolha de realizar uma mastectomia preventiva é, muitas vezes, acompanhada de sentimentos complexos: medo, ansiedade, alívio e até culpa.
Para muitas mulheres, é um desafio lidar com a ideia de retirar cirurgicamente mamas saudáveis. É por isso que o apoio psicológico antes e depois da cirurgia é essencial.
Vale ressaltar que conversar com outras pacientes que já passaram pelo procedimento e contar com uma rede de apoio familiar são passos fundamentais para enfrentar essa fase com mais segurança.
5. Reconstrução mamária imediata: parte fundamental da cirurgia
Um ponto essencial no processo é a reconstrução mamária imediata, que pode ser realizada no mesmo ato da mastectomia. Isso reduz o impacto emocional e estético da perda das mamas, ajudando a paciente a se sentir mais confiante.
As técnicas incluem:
- Próteses de silicone (implantes).
- Expansores de pele seguidos de implantes.
- Retalhos de tecido do próprio corpo (como abdômen ou costas).
Cada caso é avaliado individualmente, levando em conta fatores como biotipo, preferência da paciente e recomendação médica.
6. Benefícios e limitações da mastectomia preventiva
Benefícios:
- Reduz drasticamente o risco de câncer de mama.
- Traz tranquilidade para mulheres de alto risco.
- Possibilidade de reconstrução imediata, minimizando impacto estético.
Limitações:
- Não elimina totalmente o risco.
- Pode gerar complicações cirúrgicas, como infecção ou sangramento.
- Impacto emocional significativo.
- Possibilidade de insatisfação com a reconstrução.
7. Alternativas à mastectomia preventiva
Para mulheres que não desejam ou não podem realizar a cirurgia, existem alternativas:
- Rastreamento intensificado: exames mais frequentes (mamografia, ressonância magnética).
- Quimioprevenção: uso de medicamentos como tamoxifeno ou raloxifeno para reduzir risco.
- Mudanças de estilo de vida: alimentação saudável, prática de exercícios, não fumar, moderação no consumo de álcool.
Essas opções, embora não reduzam o risco tanto quanto a cirurgia, podem ser adequadas em alguns casos.
8. Quando fazer a mastectomia preventiva?
Essa é a pergunta central do artigo. A cirurgia é indicada quando:
- Existe confirmação de mutação genética de alto risco.
- O histórico familiar é muito forte.
- O risco calculado de câncer ao longo da vida é considerado alto.
- A paciente, após orientação médica, sente que a cirurgia trará mais segurança emocional e qualidade de vida.
O momento ideal deve ser definido em conjunto com a equipe médica, levando em conta idade, planos familiares (como desejo de amamentar no futuro) e estado de saúde.
9. A experiência internacional e os casos que trouxeram visibilidade
A mastectomia preventiva ganhou grande repercussão mundial quando a atriz Angelina Jolie anunciou publicamente sua decisão de realizar o procedimento após descobrir que era portadora da mutação genética BRCA1.
Na época, especialistas chamaram o fenômeno de “Efeito Jolie”, pois milhares de mulheres passaram a buscar informações sobre testes genéticos e prevenção do câncer de mama.
Esse tipo de caso contribui para ampliar o debate e reduzir preconceitos, mas também exige cautela. É importante que cada mulher compreenda que a decisão de realizar uma mastectomia preventiva deve ser individualizada. O que fez sentido para uma paciente pode não ser adequado para outra.
10. Reconstrução mamária: técnicas em detalhes
Uma das maiores preocupações das pacientes é a questão estética após a cirurgia. Felizmente, a reconstrução mamária evoluiu muito nos últimos anos e pode ser realizada de forma imediata, no mesmo ato da mastectomia preventiva.
Principais técnicas:
- Implantes de silicone: indicados para pacientes com pele e músculo preservados. Têm recuperação mais rápida, mas podem necessitar de trocas no futuro.
- Expansores de tecido: usados quando a pele não comporta o volume desejado de imediato. O expansor é inflado aos poucos até ser substituído por um implante definitivo.
- Retalhos autólogos (tecido da própria paciente): retirados do abdômen (TRAM ou DIEP flap), costas (grande dorsal) ou coxa. Garantem naturalidade, mas envolvem cirurgias mais longas e complexas.
- Técnicas híbridas: combinam implantes com enxertos de gordura da própria paciente, resultando em contornos mais naturais.
11. O papel da equipe multidisciplinar
A decisão pela mastectomia preventiva não deve ser tomada de forma isolada. O ideal é que a paciente seja acompanhada por uma equipe composta por:
- Mastologista: especialista em doenças da mama.
- Geneticista: responsável pela análise de risco e interpretação de exames.
- Oncologista: auxilia na definição de estratégias preventivas.
- Cirurgião plástico: orienta sobre reconstrução e estética.
- Psicólogo: apoia na parte emocional da decisão.
Esse acompanhamento integral garante que a escolha seja consciente e segura.
12. Impacto emocional: relatos comuns das pacientes
Muitas pacientes relatam que, mesmo conscientes da indicação, sentem medo de “perder parte da feminilidade”. Essa percepção é comum e precisa ser trabalhada com apoio psicológico.
Estudos mostram que, após a reconstrução, a maioria das mulheres experimenta melhora significativa na autoestima e na qualidade de vida, justamente por se sentirem protegidas contra um risco que antes era uma ameaça constante.
Ainda assim, é fundamental respeitar o tempo de cada paciente. Algumas precisam de meses ou até anos de acompanhamento até se sentirem prontas para a cirurgia.
13. A importância da idade e do planejamento familiar
Outro ponto importante é a idade da paciente. Em mulheres muito jovens, é necessário avaliar se já houve planejamento familiar, especialmente porque a mastectomia bilateral impede a amamentação.
Nesses casos, algumas pacientes optam por adiar a cirurgia e intensificar os exames até que a decisão seja tomada no momento mais oportuno.
14. Expectativas reais sobre o resultado estético
Mesmo com as técnicas mais modernas, é importante alinhar expectativas. A mama reconstruída nunca será idêntica à natural, embora os resultados sejam cada vez mais satisfatórios.
Aspectos como:
- Sensibilidade da pele, que pode ser reduzida.
- Formato e textura, que variam de acordo com a técnica.
- Possibilidade de cirurgias de retoque, em alguns casos.
Esses pontos devem ser discutidos com transparência, evitando frustrações futuras.
Conclusão
A mastectomia preventiva é uma medida extrema, mas pode ser a decisão mais adequada para mulheres com risco elevado de câncer de mama. O mais importante é que a decisão seja feita com base em informações confiáveis, apoio emocional e uma avaliação médica criteriosa. Assim, conseguimos garantir não apenas prevenção, mas também qualidade de vida e autoestima preservada.
Perguntas Frequentes - FAQ
1. A mastectomia preventiva elimina totalmente o risco de câncer?
Não, mas reduz em até 95%.
2. Toda mulher com histórico familiar deve fazer a cirurgia?
Não. Apenas aquelas com risco comprovado após exames e testes genéticos.
3. É possível engravidar e amamentar após mastectomia preventiva?
Se a cirurgia for bilateral, não será possível amamentar, já que o tecido glandular é removido.
4. A reconstrução mamária é obrigatória?
Não. Algumas pacientes optam por não realizar reconstrução, mas na maioria dos casos ela é recomendada por questões emocionais e estéticas.
5. Existe idade ideal para realizar a cirurgia?
Não existe idade fixa. O momento depende do risco, do histórico familiar e da decisão da paciente em conjunto com o médico.